" Como pensador criativo você precisa, para começar, da matéria-prima de que são feitas as novas ideias: fatos, conceitos, conhecimento, sentimentos e tudo o mais que possa encontrar. Pode procurar tudo isso nos lugares de sempre. Contudo, é mais provável que encontre algo original se for se aventurar por trilhas menos batidas. Assim você se torna um explorador em busca dos materiais necessários para cosntruir sua ideia. No percurso, vai visitar campos desconhecidos, descobrir novos padrões e levantar diversos tipos de informação.
As ideias que você juntar serão como aqueles de vidro colorido num caleidoscópio. Eles podem formar um desenho, mas, se quiser algo novo e diferente, vai ter que sacudi-los uma ou duas vezes. É aí que você muda de papel e libera o seu lado de artista. Começa a experimentar outar abordagens. Segue sua intuição. Reorganiza, vira e revira as coisas. Pergunta "e se...?" Estabelece novas relações. Pode até quebrar as regras e criar as suas. Depois disso tudo, aparece com uma nova ideia.
Agora, você pergunta: "Essa ideia é boa mesmo? Vale a pena insistir nela? Trará o retorno que espero? Será que disponho dos meios para fazer acontecer o que pretendo?"
Para decidir, você adota a postura do juiz. Enquanto avalia, pesa criticamente os prós e os contras. Procura falhas na ideia e imagina se o momento é propósito. Você faz a análise dos riscos, questiona pressupostos e forma um juízo. Enfim, toma sua decisão.
Depois, chega a hora de pôr sua ideia em prática. Mas você sabe que o mundo não está disposto a aceitar todas as ideias novas que surgem. Ao contrário, a competição é violenta. Se pretende que sua ideia dê certo, vai ter que partir para o ataque. Aí entra o guerreiro e leva a sua ideia para o campo de batalha. Como guerreiro, você precisará ser metade general e metade soldado. Desenhar seu plano estratégico e tratar pessoalmente de atingir o objetivo. Ter disciplina para o duro corpo-a-corpo das trincheiras e força pra enfrentar obstáculos, demolidores de ideias, recuos temporários e outros contratempos. Fundamental é ter coragem de fazer o que for necessário para transformar sua ideia em realidade.
Você conhece esses papéis criativos, claro (...)
Vistos em conjunto, esses 4 personagens compõem seu elenco criativo para gerar e implementar novas ideias. Evidentemente, o padrão para a maioria das situações criativas não é tão linear que progrida sempre na sequência explorador-artista-juiz-guerreiro. Em geral, há idas e vindas de um pape para o outro. Ex: O juiz pode devolver uma ideia ao artista para posterior desenvolvimento. Talvez o artista apareça com uma ideia e mande o explorador garimpar inforações que lhe deem sustentação. O guerreiro dirá ao juiz o que funciona e o que não funciona na prática.
Além do mais, não existe um jeito único de ser criativo. Na verdade, cada criador costuma ter seu estilo. Diante do desafio de desenvolver um conceito ou resolver um problema, certas pessoas começam no papel do artista, saltando para o de explorador ou juiz até atingirem seu objetivo. Outras fazem exatamente o contrário. Entretanto, o mais comum é usar mais o explorador nos estágios iniciais do processo criativo, o artista e o juiz na fase intermediária e o guerreiro na parte final. "
Extraído de 'Um Chute Na Rotina'
Roger Von Oech, Cultura Editores Associados Ltda. SP, 1994
XoXo
Gabriel Sousa
@imnonerd
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